quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mediunidade - Influência Moral

SEF - Sociedade Espírita Fraternidade
Estudo Teórico-prático da Doutrina Espírita


Introdução:

Com relação a este tema, de tão grande importância, nada melhor do que meditarmos nas palavras esclarecedoras que nos são trazidas por Emmanuel (mentor espiritual de Francisco Cândido Xavier), em seu Livro "Emmanuel":

"Ser médium é investir-se a criatura de sagrada responsabilidade perante Deus e a própria consciência, uma vez que é ser intérprete do pensamento das esferas espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra.

Ser médium é algo de sublime, determinando o imperativo da realização interior, a necessidade de o indivíduo conquistar a si mesmo pela superação das qualidades negativas.

É necessário esclarecer-se que o desenvolvimento da mediunidade não guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns. A faculdade propriamente dita se radica no organismo; independentemente do moral. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. Deus não recusa meios de salvação aos culpados.

Não creiais que a faculdade mediúnica seja dada somente para a correção de uma, ou duas pessoas, não. O objetivo é mais alto: trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento pouquíssimo importante, como indivíduo. Por isso, é que, quando damos instruções que devem aproveitar à generalidade dos homens, nos servimos dos que oferecem as facilidades necessárias. Tenha-se, porém, como certo que tempo virá em que os médiuns serão muito comuns, de sorte que os bons Espíritos não precisarão servir-se de maus instrumentos.

Felizes daqueles que, saturados de boa-vontade e de fé, laboram devotadamente para que se espalhe no mundo a Boa Nova da imortalidade.

Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das Leis Divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso.

Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelo abuso do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.

Humilhados e incompreendidos, faz-se mister reconheçam todos os benefícios emanantes das dores que purificam e regeneram, trabalhando para que representem, de fato, o exemplo da abnegação e do desinteresse, reconquistando a felicidade perdida.

Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende de seu desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender em toda a amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre:

"Daí de graça o que de graça recebestes".

Devendo evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos, podem perfeitamente cumprir seus deveres e qualquer posição social a que forem conduzidos, sendo uma de suas precípuas obrigações melhorar o seu meio ambiente com o exemplo mais puro de verdadeira assimilação da doutrina de que são pregoeiros.

O homem que se vence faz o seu corpo espiritual apto a ingressar em outras esferas e, enquanto não colaborardes pela obtenção desse organismo etéreo, através da virtude e do dever cumprido, não saireis do círculo doloroso das reencarnações.

Sintonia Mental:

Nos esclarece o Espírito André Luiz, no seu livro "Nos domínios da Mediunidade", psicografado por Francisco Cândido Xavier:

"Mediunidade não basta só por si.

É impossível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e o ajuizar de nossa direção.

Em Mediunidade, portanto, não podemos olvidar o problema da sintonia.

Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.

Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam as características em que se expressem, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das esferas mais altas, através dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas experiências.

Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho. Refletimos as imagens que criamos.

E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima".

Os reflexos mentais, segundo a sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no céu ou no inferno que edificou para si mesma, nas reentrâncias do coração e da consciência, independentemente do corpo físico, porque, observando a vida em sua essência de eternidade gloriosas, a morte vale apenas como transição entre dois tipos da mesma experiência, no "hoje imperecível".

Complementado o entendimento, Martins Peralva ressalta que deve se convir, que será muito difícil aos Mensageiros Celestes utilizarem-se, de modo permanente, de companheiros encarnados sem a mais leve noção de responsabilidade, negligentes no cumprimento dos deveres morais, impontuais, inteiramente alheios ao imperativo da própria renovação para o bem, ou, ainda, inclinados à exploração inferior.

Cumpre-nos admitir que dificilmente tomarão eles, os grandes Instrutores, por medianeiro definitivo para as grandes realizações do Cristo, o médium que vê, apenas, na sua faculdade, espetacular meio de produzir fenômenos, sem finalidade educativa para si e para os outros.

A discriminação e importância do problema mental poderão, talvez, ser melhor entendidos mediante o gráfico organizado para o estudo e análise.

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O nosso Espírito tem a propriedade de criar formas, situações, coisas e paisagens, sabendo-nos facultado, portanto, influenciar, benéfica ou maléficamente, a nós e aos outros.

Tem o nosso Espírito não apenas a faculdade de realizar tais criações. Tem-na também para dar-lhes vida ou destruí-las. Ex. cenas violentas, tais como assassínios, etc... poderão permanecer durante longos anos no cenário da luta, até enquanto as suas personagens lhes derem vida, pela própria projeção mental. Somente quando a luz do esclarecimento felicitar o coração dos protagonistas, os tais "clichês astrais" desaparecerão. Deixarão de existir, serão destruídos, porque cessaram as energias que lhes davam vida.

Uma mente invigilante atrairá entidades infelizes, vampirizadoras, porque certos Espíritos profundamente materializados, arraigados, ainda, às paixões inferiores, nutrem-se, alimentam-se dessas substâncias produzidas pela mente irresponsável ou deseducada.

O médium não evangelizado, irresponsável, será, via de regra, um permanente criador de imagens deprimentes, a constituírem verdadeira "ponte magnética", pela qual terão acesso as entidades perturbadoras.

A prática do Evangelho e o conhecimento da Doutrina Espírita, pura e simples, estenderão ao coração do médium as noções de fraternidade, transformar-lhe-ão o ambiente psíquico, assegurando-lhe, em caráter definitivo, uma série de vantagens como:

  • Paz interior;
  • Valiosas amizades espirituais;
  • Defesa contra a incursão de entidades da sombra;
  • Crédito de confiança dos Espíritos Superiores;
  • Iluminação própria;
  • Outorga de tarefas de maior valia no serviço do Senhor.

 

Martins Peralva, no seu Livro "Mediunidade e Evolução", capítulo 7, nos traz ensinamentos preciosos, relacionado com a necessidade, em especial do médium, de sempre estar estudando e buscando o aprimoramento espiritual. Vejamos:

Estudar Sempre

"Se abraçaste na Doutrina Espírita o roteiro da própria renovação, em toda parte és naturalmente chamado a fixar-lhe os ensinos."
Emmanuel

A maioria dos homens habituou-se a crer que médium só o é aquele que, em mesa específica de trabalhos mediúnicos, psicografa ou fala, ouve ou vê os Espíritos, alivia ou cura os enfermos.

O pensamento geral, erroneamente difundido além-fronteiras do Espiritismo, é de que médium somente o é aquele que dá passividade aos desencarnados, oferecendo-lhes a organização medianímica para a transmissão da palavra falada ou escrita.

Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que registramos, consciente ou inconscientemente, idéias ou sugestões dos Espíritos, externando-as, muita vez, como se fossem nossas.

Ao discutirmos tema elevado, em qualquer lugar e hora, somos, algumas vezes, intérpretes de Espíritos sérios, que de nós se aproximam atraídos pela seriedade da conversação.

Contrariamente, em momentos de invigilância vocabular, no trato com problemas humanos, atraímos Espíritos desajustados que, sintonizados conosco, nos fazem porta-voz de suas induções.

O aprimoramento moral contribui para que, na condição de médiuns, de receptores da Espiritualidade, afinizemos com princípios elevados.

O estudo a fixação do estudo espírita coloca-nos em condições de mais amplo discernimento da vida, dos homens e dos Espíritos.

A Doutrina Espírita possibilita a defesa do médium.

Resguarda- contra processos obsessivos.

Equilibra-o no dia-a-dia da existência.

O conhecimento doutrinário beneficia aqueles que, em sessões mediúnicas, operam no intercâmbio, assim como aqueles que, sem se aperceberem, transmitem na conversação inspirações da Esfera Espiritual.

Estudar sempre dá segurança à caminhada.

Do Livro: Contos desta e doutra vida

Psicografia de Francisco Cândido Xavier - pelo Espírito - Irmão X

Candidato à Redenção

Integrado nos fluidos comburentes a se lhe derramarem da própria alma, o Espírito desditoso, com sede de esquecimento no corpo de carne, pedia em pranto:

- Senhor, por piedade, concedei-me a graça de renascer no planeta físico! Percebo agora a extensão de meus débitos e a enormidade de meus crimes! Feri vossa Lei, espalhando miséria e destruição!... E sofro, Senhor, por desleixo meu, o resultado de minha imprevidência delituosa! Trago em minhas entranhas o inferno que acendi em mim mesmo!...Ó Benfeitor da Eternidade, conduzi-me, de novo, à escola da Terra, a fim de que eu possa, por algum tempo, olvidar minhas horrendas feridas ... Dai-me o câncer, a lepra ou outra enfermidade, Senhor, em cuja virulência bendita expungirei de meu ser o veneno da culpa! Encarcerai-me num corpo paralítico em cuja armadura ressecada eu consiga olvidar o pretérito, regenerando os meus infelizes pensamentos! Entregai-me às provas da idiotia, em que me redima, detende meu Espírito arrependido num leito de chagas terrestres em cujos tormentos acrisole o coração entenebrecido no desespero! Dai-me o aleijão, a cegueira, a epilepsia, a forma torturada, a fome e a nudez, mas ajudai-me a renascer no mundo com a graça do esquecimento! ...

Nisso, quando mais comoventes se lhe faziam as lágrimas, comparece junto dele benemérito Amigo Espiritual, que lhe diz bondoso:

- Acalma-te meu irmão! tuas súplicas foram ouvidas! A Divina Bondade conferir-te-á nova benção no campo dos homens... Não precisarás, porém, recorrer à morféia, à imobilidade, ao pênfigo ou à mutilação para o resgate das tuas dívidas... Afirma-nos o Senhor: - "misericórdia quero, não sacrifício ..." Voltarás ao mundo em berço acolhedor e servirás ao Espiritismo, com Jesus, na condição de médium amigo da redenção... Aprenderás que o amor cobre a multidão de nossos pecados e afeiçoar-te-ás ao bem de todos, buscando no bem de todos a luz de teu próprio bem!...

Enlevado com a promessa, o mísero bradou, esperançoso e desafogado:

- Louvada seja a Bondade Infinita de Deus! Oh! sim, cultivarei o serviço aos meus semelhantes na concessão com que o Céu me agracia! Saberei usar a benevolência em todos os lances da luta! Abraçarei os humildes e compreenderei os orgulhosos para ajudá-los com amor. Tolerarei sem revoltas flagelações e calúnias, consagrar-me-ei ao desprendimento das posses materiais! Respirarei na Terra, mentalizando a Compaixão Celeste para saber auxiliar sem recompensa e entender sem exigir! Sim! serei médium e sofrerei amando, como Jesus nos amou!...

Recolhido a grande Hospital de socorro, a breve tempo conseguia habilitar-se para o novo renascimento.

Mergulhado em rendas de ilimitado carinho, ressurgiu num corpo abençoado e perfeito, em lar simples e generoso que o acariciou com alegrias puras, qual santuário que o preparasse na direção de uma festa de luz.

Foi assim que, alcançando a maioridade corpórea, o candidato ao serviço do bem foi conduzido naturalmente à província de trabalho em que lhe competia a execução dos votos que formulara.

Entretanto, ao contacto inicial com as bênçãos da tarefa, sentiu que a dúvida e a irritação lhe visitavam o campo íntimo.

Em toda parte, surpreendia incompreensão e discórdia, censura e suspeita constantes...

Amedrontado perante a luta que se esboçava feroz, pediu, certa feita, numa sessão de fraternidade e intercâmbio, a orientação do Benfeitor Espiritual que o ajudava no templo espírita em que se lhe sediavam as esperanças primeiras, e, tão logo saudado pelo Instrutor, rogou compugidamente:

- Que fazer, meu amigo, diante das sombras que me entravam os movimentos?

Perdoa e ajuda, meu filho - respondeu-lhe o mensageiro benevolente.

- E quando alguém me crive de calúnia e maldade?

- Ajuda e perdoa para que a luz do entendimento se faça vitoriosa.

- E a desconfiança? como agir perante as criaturas que me experimentam com aspereza e sarcasmo?

- Perdoa e ajuda aguardando o tempo.

- E as pessoas cruéis que me procuram, tocadas de más intenções, à maneira do animal que se sacia nas águas de um poço, agitando o lodo que lhe dorme no seio?

- Ajuda e perdoa para que se renovem um dia ...

- Sofro com as mistificações que, por vezes, me assaltam ... Como proceder diante daqueles que me ensombram a inspiração, compelindo-me ao desencanto?

- Perdoa e ajuda sem repousar, recebendo em tais lições do caminho o justo apelo à tua construção de humildade ... De quando em quando, a mistificação auxiliar-te-á a entender que os talentos do Alto não te pertencem, ensinando-te o respeito ante a Bondade Celestial.

- Vejo-me cercado pela exigência daqueles que me interpretam à conta de malfeitor, solicitando-me as horas para o resvaladouro do crime... Como tratá-los na rota de minha fé?

- Perdoa e ajuda sempre.

- Mas de que modo agir com ignorantes e ingratos, com as raposas da astúcia e com os lobos da crueldade que pretendem senhorear minhas forças?

- Ajuda e perdoa constantemente.

- Ainda mesmo quando não me desculpem as fraquezas e não me auxiliem na solução das próprias necessidades?

- Sim, meu filho - acentuou o benfeitor -, é imprescindível ajudar e perdoar sem descanso.

Levantou-se o consulente para a despedida, e após o encerramento da reunião, com fervorosa prece, o candidato à mediunidade que pedira o câncer e a lepra, a cegueira e a mutilação, a paralisia e o infortúnio, para ressarcir o passado delituoso, retirou-se da casa e ninguém mais o viu.

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Bibliografia:

O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Cap. XX.

Estudando a Mediunidade - Martins Peralva – Cap. II e III.

Mediunidade e Evolução – Martins Peralva – cap. 7.

Nos Domínios da Mediunidade – Pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier – Cap. I.

Contos desta e doutra Vida - Pelo Espírito - Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Emmanuel – Pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. XI.

Apostila do Esde - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Unidade I.

Fonte: http://sef.feparana.com.br/apost/unid19.htm

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